Homo Connectus, 2022, óleo sobre tela, 70 x 170 cm
Cybermorph I, 2022, spray sobre papel 100 x 156 cm
Cybermorph II, 2022, spray sobre papel 100 x 176 cm
Cybermorph III, 2022, spray sobre papel 100 x 194 cm
Cybermorph IV, 2022, spray sobre papel 100 x 174 cm
Cybermorph V, 2022, spray sobre papel 100 x 168 cm
HoloWorld xz, 2022, imagem digital (gerada com recurso ao software blender), 2890 x 1615 píxeis
HoloWorld yz, 2022, imagem digital (gerada com recurso ao software blender), 2890 x 1615 píxeis
HoloWorld, 2022, instalação digital e sonora, https://youtu.be/LOXVK1U1AaU
A nossa atualidade é cada vez mais marcada pela presença da tecnologia. A aceleração do conhecimento nos campos da inteligência artificial e da cibernética tornam inevitável um futuro de imersão tecnológica. Este crescente fascínio do ser humano pela tecnologia, leva-nos mesmo até ao ponto de a incorporarmos no nosso organismo, quer por uma questão de necessidade, quer para adquirir capacidades extra-humanas. Por conseguinte, torna-se possível que no futuro, a hibridez biotecnológica se torne a nova normalidade.
O uso excessivo de tecnologia poderá ter muitas implicações nas sociedades humanas tornando-se um assunto a abordar cada vez mais pertinente. Nesse sentido este projeto gravita à volta da noção de tecnofuturo que poderá surgir com tal avanço tecnológico.
Não havendo uma visão singular pre-estabelecida deste futuro (apesar da ideia de futuro distópico ser propagada por filmes de ficção científica), decidi refletir sobre esta temática, de modo a criar o meu próprio imaginário. Para tal, recorri ao auxílio da própria tecnologia de inteligência artificial através de um website designado de www.NeuralBlender.com e assim reuni um banco de imagens que serviu de ponto de partida para este projeto.
Estas imagens, sendo criadas por um pensamento artificial, levantam-nos questionamentos acerca de se se aproximarão dessa realidade futura dominada pela tecnologia. Ao mesmo tempo, o facto de ser a tecnologia a criar um conceito estético de como se parecerá um futuro dominado pela mesma, torna estas imagens uma espécie de “autorrepresentação”.
O próprio processo de trabalho tem uma ligação à tecnologia, quer na criação dos referentes, quer na concretização das obras. Este uso de tecnologia para chegar a tais propostas pictóricas é algo que não só faz parte do meu discurso artístico como está de acordo com a temática do projeto. Isto posto, o projeto construiu-se em redor da tecnologia em todos os aspetos (tema; referentes; processo criativo), com a finalidade de frisar a crescente dependência humana relativamente à mesma e que possibilitará a nossa entrada numa pós-humanidade.
Surgiu, por esta via, um novo universo pictórico que trespassou de diferentes modos para a minha pintura, subdividindo assim o projeto em três núcleos de trabalho.
Primeiramente, decidi fazer três pinturas a óleo. Cada uma destas telas resulta de estudos digitais feitos a partir das imagens de referência do website das quais me apropriei. Esta obra representa a transição do humano para uma nova espécie humana híbrida de tecnologia. Estas três telas formam um tríptico, que representa três momentos da robotização do humano.
De seguida, através do retirar de silhuetas de imagens de figuras não-humanas resultantes do website, surgiram composições que posteriormente materializei utilizando spray e máscaras para a demarcação dessas figuras. Comecei por delimitar estas silhuetas com recurso a meios digitais, abrindo também alguns pedaços de modo a exacerbar, ainda mais, a estranheza da morfologia destas criaturas. Juntei, então, várias destas figuras na mesma composição explorando os contrastes entre essas aberturas ou não-aberturas, de modo a transmitir uma impressão de desagregação e reagregação de matéria corpórea. Selecionei a paleta cromática com base na sensação tecnológica que as cores trespassam.
Por fim, o último exercício pictórico consistiu na construção de um modelo 3D com base em elementos que fui recolhendo das imagens do website já referido. Este espaço virtual é habitado por figuras humanóides e robôs também modelados virtualmente. Poderia repetir a ideia de futuro distópico dos filmes de ficção científica e preencher o ambiente virtual com carros voadores e arranha-céus de luzes neon mas achei que fazia mais sentido guiar-me pelas imagens recolhidas, que, de modo interessante, apresentam elementos naturais, como árvores. Há assim, uma dualidade e contraste entre o natural e o artificial nestas imagens. Ao pensar no modo como expor esta obra surgiu a ideia de projetar a maquete sobre a interseção de duas paredes de forma a enfatizar a dimensão tridimensional de espaço, e de incorporar um efeito sonoro adequado a esta ambiência arquitetada digitalmente.
CYBERIA
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